sábado, 7 de setembro de 2013

Choro

 
A moça, recém-saída do trabalho, ainda vestida em seu elegante tailleur de clinica particular, chega em cima da hora para mais uma aula de inglês instrumental na UFPI, diferente das quartas-feiras anteriores, ela entra sem dá um boa tarde, muito menos sorrir simpática, apenas senta-se no fundo da sala e baixinho, em um gesto quase inaudível, chora. Passa a mão pelos os olhos e como quem esconde um...a conjuntivite, coloca aqueles óculos gigantes escuros para ocultar as lágrimas recalcitrantes. O resto da turma, concentrada nas estratégias de scanning, skimming e prediction, não repara, não faz a leitura do desespero assombroso e mudo da balzaquiana. Teria tido alguma desavença no trabalho? Fora demitida? Ou o fim de um amor? Não se sabe, só se sabe que a mulher que chora em público, mesmo que disfarçadamente, chora uma dor que não pode adiar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário