Nesse final de semana assisti ao
filme E Ai Comeu? O amigo deve está se perguntando, agora? É, somente agora
pude assisti essa grande comédia brasileira, digo grande, porque foi um sucesso
de publico e de crítica na época do lançamento.
Mas não me incomodo de ter sido
um retardatário de E Ai Comeu, não, pelo contrário, às vezes até que é bom
fugir do calor da emoção que muitos tiveram para acompanhar a estréia.
O fato é que o filme é muito
engraçado, é meio clichê dizer isso para quem já assistiu, mas enfim, a
produção estrelada por Marcos Palmeira, Bruno Mazzeo, Emilio Netto e Indira
Paes me arrancou boas gargalhadas.
Mas uma cena chamou minha
atenção, qual? Qual? O amigo deve está novamente se perguntando, já que a
produção tem várias cenas hilárias. Aquela cena amigo em que o Afonsinho
(Emilio Netto) um jovem escritor louco por sucesso pede ajudar ao seu tio (José
de Abreu) para publicar o seu livro.
O tio ao ler o original diz
claramente ao Afonsinho que para falar de amor é necessário que se tenha
vivência, e vivência no amor é a única coisa que Afonsinho não tem, já que este
é um solteirão convicto e nem namorada possui.
Como assim vivência no amor? É
porque para o personagem de José de Abreu, só se sabe falar ou escrever sobre o
amor quem já teve ou viveu um. Quer dizer então que quem não viveu um grande
amor não tem propriedade para falar dele?
E o que dizer então de Camões que
escreveu uns dos sonetos mais lindos que já li, “o amor é fogo que arde sem se
ver”, quando em um naufrágio o bardo preferiu salvar Os Lusíadas à esposa?
E como explicar a saga de Don
Quixote de Miguel de Cervantes que enfrentou moinhos gigantes por causa de um
amor fantasioso de sua Dulcinéia? E Fernando Pessoa que escreveu, “O amor,
quando se revela, não se sabe revelar, sabe bem olhar p’ra ela, mas não lhe
sabe falar”, pelo o que me consta o bardo português pouco namorou.
Todos esses gênios escreveram
intensamente sobre o amor sem necessariamente o terem vivenciado.
Mas quando adiantei um pouco a
cena, percebi que o personagem de José de Abreu pedia ao sobrinho escritor que
só escrevesse sobre o amor depois que tivesse experimentado algum.
Faça como o Vinicius de Moraes,
disse ele, que teve que casar sete vezes para poder escrever com legitimidade sobre
o maior sentimento do mundo.
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