domingo, 26 de maio de 2013

E AI COMEU?

Nesse final de semana assisti ao filme E Ai Comeu? O amigo deve está se perguntando, agora? É, somente agora pude assisti essa grande comédia brasileira, digo grande, porque foi um sucesso de publico e de crítica na época do lançamento.

Mas não me incomodo de ter sido um retardatário de E Ai Comeu, não, pelo contrário, às vezes até que é bom fugir do calor da emoção que muitos tiveram para acompanhar a estréia.

O fato é que o filme é muito engraçado, é meio clichê dizer isso para quem já assistiu, mas enfim, a produção estrelada por Marcos Palmeira, Bruno Mazzeo, Emilio Netto e Indira Paes me arrancou boas gargalhadas.

Mas uma cena chamou minha atenção, qual? Qual? O amigo deve está novamente se perguntando, já que a produção tem várias cenas hilárias. Aquela cena amigo em que o Afonsinho (Emilio Netto) um jovem escritor louco por sucesso pede ajudar ao seu tio (José de Abreu) para publicar o seu livro.

O tio ao ler o original diz claramente ao Afonsinho que para falar de amor é necessário que se tenha vivência, e vivência no amor é a única coisa que Afonsinho não tem, já que este é um solteirão convicto e nem namorada possui.

Como assim vivência no amor? É porque para o personagem de José de Abreu, só se sabe falar ou escrever sobre o amor quem já teve ou viveu um. Quer dizer então que quem não viveu um grande amor não tem propriedade para falar dele?

E o que dizer então de Camões que escreveu uns dos sonetos mais lindos que já li, “o amor é fogo que arde sem se ver”, quando em um naufrágio o bardo preferiu salvar Os Lusíadas à esposa?

E como explicar a saga de Don Quixote de Miguel de Cervantes que enfrentou moinhos gigantes por causa de um amor fantasioso de sua Dulcinéia? E Fernando Pessoa que escreveu, “O amor, quando se revela, não se sabe revelar, sabe bem olhar p’ra ela, mas não lhe sabe falar”, pelo o que me consta o bardo português pouco namorou.

Todos esses gênios escreveram intensamente sobre o amor sem necessariamente o terem vivenciado.

Mas quando adiantei um pouco a cena, percebi que o personagem de José de Abreu pedia ao sobrinho escritor que só escrevesse sobre o amor depois que tivesse experimentado algum. 

Faça como o Vinicius de Moraes, disse ele, que teve que casar sete vezes para poder escrever com legitimidade sobre o maior sentimento do mundo.


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